Eduardo Novillo Astrada (CEO) e Ariel Scaliter (CTO) são os responsáveis por fundar a empresa que oferece aos produtores rurais uma nova opção de negócio para as vendas de suas colheitas. A Agrotoken nasceu em 2020 com o objetivo de trazer ativos do dia a dia do campo para a conhecida tecnologia de banco de dados, o blockchain.
A tecnologia, relativamente nova no mercado, inicialmente causou um estranhamento pelos seus termos e ferramentas do mundo digital serem novos ao público em geral. Empresas, parceiros, clientes e investidores não tinham ideia do que Astrada e Scaliter falavam e em cada reunião precisavam esclarecer qual era sua proposta, diz o CEO em entrevista à Forbes.
Nesse contexto, a agricultura foi a escolhida para testar o potencial da tecnologia que visa a digitalização de diferentes setores da economia. A ideia é criar tokens (unidades de valor de pequenas frações digitais do sistema blockchain) que representam toneladas de soja, milho e trigo.
De modo prático, trata-se de uma nova opção para agricultores que permite transformar suas colheitas em tokens criptográficos, os chamados cripto (prefixo que nomeia o modelo de moeda da plataforma). A partir disso, os grãos passam a ser entendidos como cripto-soja, cripto-milho ou cripto-trigo.
Esses tokens podem ser vendidos proporcionando aos produtores a flexibilidade de venda de suas colheitas quando desejarem, com preços atualizados, sem depender apenas das tradicionais vendas antecipadas ou dos armazenamentos em silos durante meses.
O empreendimento marca uma evolução no mercado agrícola que integra a tecnologia para oferecer novas formas de comercialização e gestão por meio do Barter Digital. A infraestrutura global desenvolvida para a tokenização de commodities agrícolas, dentro de um ecossistema seguro e sem fricções, torna o comércio de grãos mais fácil e eficiente para o produtor.
A aposta nas terras brasileiras veio após avanços positivos no mundo do blockchain e da economia e finanças tokenizadas, ao mesmo tempo que produções recordes marcaram bons resultados nas estatísticas das safras do Brasil. A combinação desses fatores chamou a atenção de Eduardo e Ariel. Foi então que no início de 2023, os sócios passaram a apostar tudo na produção nacional.
No entanto, eles têm lidado com uma grande barreira: a adoção dessa tecnologia por parte das pessoas que ainda confiam pouco para aderi-la. A pouca informação sobre o que é e como funciona são os principais responsáveis pela não aderência dos potenciais clientes, mas esse quadro tem mudado com o esforço da equipe da Agrotoken em comunicar sobre sua inovação na venda de grãos.
Para ilustrar essa mudança, o uso dos ativos digitais tem surtido efeito no cenário do agronegócio nacional. Em 2023, foi registrada a primeira transação nesse modelo, ocorrida no tradicional evento da Show Rural Coopavel, em Cascavel (PR), quando um produtor pagou com “grãos digitais” parte do valor de uma máquina agrícola, mostrando a viabilidade da moeda como recurso dos produtores rurais.
A avaliação feita por Eduardo Astrada é de que a tecnologia funciona e já é uma realidade. Agora, é preciso buscar contato mais próximo do cliente no campo para gerar conexões e proteger sua produção e, consequentemente, seu patrimônio financeiro, uma vez que as pessoas compreendem melhor o que é blockchain, tokenização e os grãos digitais.
“A tecnologia funciona, é validada por grandes empresas e é uma realidade. O bom é que, no ano passado, todos aprenderam o que é tokenização e sabem o que é blockchain. Isso já é um enorme avanço e o mundo está convencido de que a economia será tokenizada. Acreditamos que quem vai levar o cliente a adotar a tecnologia é a empresa, o fornecedor, aquele que vende há muito tempo e tem contato direto”, pondera Astrada.
Vantagens de ser residente do AgriHub
Responsável por uma enorme rede agtechs, o ecossistema da Casa da Inovação do Produtor Rural de Mato Grosso conta com um espaço de coworking que possibilita aos residentes gerar conexões e expandir suas relações. Uma das entidades do Sistema Famato, o AgriHub é a ponte entre a dor sentida no campo pelo produtor mato-grossense e a solução oferecida pelas startups residentes e empresas parceiras do Hub.
O AgriHub está sempre aberto a novas parcerias, sendo um espaço destinado à inovação e comprometido com o presente e futuro dos produtores rurais. Todos os que fazem parte do nosso ecossistema podem contar com a participação em todos os nossos eventos, divulgação em nossos canais de comunicação, prioridade em eventos para realização de pitch, além do cafézinho para acompanhar as trocas entre os internos do AgriHub.
Por Guilherme Sampaio, estagiário de comunicação do AgriHub