O encurtamento da distância entre o produtor rural e os desenvolvedores de tecnologias para o campo foi destaque na cerimônia da 3ª edição do Prêmio Sistema Famato em Campo, realizada no dia 9 de novembro na Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), em Cuiabá. Promovido pelo AgriHub, o painel “Os desafios do Agro: a solução mora no produtor” chamou a atenção do público presente no evento.
O bate-papo teve como protagonistas Carlos Pirovani, empreendedor digital em educação, um dos líderes da comunidade de startups em Mato Grosso (a StartupMT); Alex Miranda, empreendedor que desenvolve soluções de gestão para a agricultura de Sorriso, e o produtor rural e empreendedor digital em tecnologias para o mercado financeiro, Adolfo Petry. Heygler de Paula, diretor operacional do AgriHub, conduziu a conversa.
Como o tema do Prêmio Sistema Famato em Campo deste ano foi inovação, Heygler iniciou o painel querendo saber o que é inovação para cada um dos participantes do debate. Para o representante da Startup MT, inovação é criar algo que possa trazer benefícios. “Nós, da área de tecnologia, trabalhamos em cima de problemas, buscamos resolver os problemas”, disse Alex Miranda.
Adolfo Petry acredita que a inovação surge a partir de um desconforto, de algo que precisa ser superado. “Entretanto, o primeiro passo para a inovação é a coragem de enxergar e encarar o problema e falar: eu me proponho a buscar solução”, acrescentou.
Carlos Pirovani complementou dizendo que inovar não é necessariamente criar algo novo. “Não precisa inventar a roda para inovar, a adaptação ou a melhoraria de alguma coisa que já existe também é inovação. Enfim, é não seguir o óbvio e pensar fora da caixa”.
O que fazer para diminuir a distância que ainda existe entre os produtores e empreendedores Agtech também foi debatido no painel. “Acho que está faltando nós, desenvolvedores, calçarmos a botina e irmos para o campo, para ficarmos mais próximos do nosso cliente. Eu, por exemplo, fiquei três meses trabalhando como balanceiro, de graça, para conseguir desenvolver um sistema para silos”, contou.
O produtor Adolfo Petry enxerga uma barreira cultural e de comunicação entre produtores e desenvolvedores. “O produtor rural não entende 10% do que os desenvolvedores falam, mas eu vejo os desenvolvedores se esforçando para ir ao campo e conversar conosco. Muitas vezes não damos muito acesso, até porque temos enraizada a questão das pessoas que batem todos os dias na nossa porta tentando vender alguma coisa. Temos que quebrar isso, afinal temos muitos problemas e juntos com os desenvolvedores podemos buscar soluções”.
Carlos Pirovani contou que os ruídos na comunicação não são um problema exclusivo do agro e ressaltou a importância da validação da inovação e de parcerias. “Só quem tem o problema consegue dizer se a solução realmente o resolve. Se o produtor tem a dor, ela é um problema e é possível buscar parceiras para tentar resolvê-la. Afinal, não existe empreendedor herói. É importante encontrar pessoas com conhecimentos específicos para ajudar na busca por soluções, no final essas pessoas se tornarão sócias”.
Conectar o agro ao universo das soluções, como startups, mentores, empresas de tecnologia, pesquisadores e investidores para promover o melhor ajuste das tecnologias ao campo é justamente o papel do AgriHub – programa de inovação do Sistema Famato. “Nós nos posicionamos hoje como facilitadores do processo. Estamos ajudando a preparar toda uma rede de profissionais para conseguir ajudar a resolver os problemas do agro. E, para isso, precisamos de participação cada vez mais ativa dos produtores. Afinal, ninguém mais do que eles entendem dos problemas do campo”, finalizou Heygler de Paula.
AgriHub – É uma rede de inovação que identifica problemas do produtor rural e os conecta ao mercado de inovação. Um dos diferenciais do AgriHub é a iniciativa de estimular a inovação através do empreendedorismoe buscar possíveis soluções tecnológicas às necessidades específicas do meio rural mato-grossense. É um projeto inovador idealizado pela Famato, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT) e Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Fonte: Ascom Famato