O estudo de Soluções de Conectividade para o Agronegócio em Campo Novo do Parecis-MT foi apresentado no evento Summit AgriHub na manhã desta quarta-feira (18/04), no Cenarium Rural, em Cuiabá. o objetivo do trabalho é viabilizar a chegada da capacidade de internet em banda larga ao munícipio para atender às necessidades dos provedores locais para as demandas urbana e rural.
O trabalho traz um levantamento técnico da real situação da infraestrutura de telecomunicações do município. “A região é um retrato do que acontece em geral em Mato Grosso, ou seja, as redes de internet estão insuficientes para dar conta das necessidades das pessoas e das empresas, sobretudo do agronegócio”, disse Jorge Bittar, consultor da Softex (Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro), responsável pelo estudo em parceria com o Sistema Famato.
Este é o primeiro relatório da pesquisa em andamento na região. No primeiro momento foi feita a identificação da necessidade do estudo, visitas técnicas ao município, reuniões estratégicas com os produtores rurais, verificação da estrutura de telecomunicações, prospecção de soluções e parceiros, visitas a industrias e comércio local.
Segundo Bittar, o levantamento mostra que as grandes operadoras não oferecem capacidade suficiente para atender as demandas da região, tanto urbana e quanto rural. A Oi é a única operadora que chega ao município com fibra óptica, porém não compartilha a estrutura ou investe na ampliação de capacidade, por razões que ainda não foram identificadas.
Entre os problemas e expectativas, os produtores rurais apontaram: necessidade de comunicação de dados para sistemas administrativos das fazendas como, por exemplo, gestão de pessoal, estoque, pedidos de compras e emissão de notas fiscais; acesso à informação disponível na internet para prospecção de tecnologias; contato com fornecedores e a implantação de recursos tecnológicos acoplados a máquinas agrícolas de trabalho no campo para aumentar a produtividade.
De acordo com o mediador do painel, o produtor rural e diretor do Sindicato Rural de Campo Novo do Parecis, Adolfo Petry, a região precisa de investimentos em infraestrutura de comunicação de dados que atendam as propriedades rurais e industrias do agronegócio. Mas, segundo ele, não significa que serão necessários altos investimentos.
Para isso, é preciso solucionar os principais problemas que são: indisponibilidade de conectividade 3G/4G nos serviços de telefonia móvel; lentidão da conectividade de internet residencial; indisponibilidade de banda larga na capacidade desejada; problemas de queda de chamadas de voz na telefonia móvel e baixa penetração dos serviços dos provedores nas propriedades rurais.
“Por incrível que pareça, o telefone celular não funciona direito em Campo Novo do Parecis e isso vale para todas as operadoras. Temos dificuldades em emitir notas fiscais nas fazendas. Acreditamos que com pouco recurso é possível resolver isso”, relata o produtor. Mas, segundo ele, existem prospecção de soluções e parceiros em andamento, previstos para serem divulgadas no Relatório 2.
Internet das Coisas – No mesmo painel de discussão sobre conectividade participaram o presidente da Associação Brasileira da Internet das Coisas (Abinc), Flávio Maeda, e o engenheiro-agrônomo, especialista em Gestão em Agronegócio pela FGV e presidente para a América Latina na AgGateway Global Network, José Alexandre Loyola.
Segundo o presidente da Abinc, Flávio Maeda, a Internet das Coisas pode ajudar a solucionar o problema de conectividade, seja de linha telefônica móvel ou internet, de grande parte dos municípios de Mato Grosso. A Internet das Coisas também promete, além de superar as dificuldades de infraestrutura e conectividade, adaptar as aplicações da tecnologia para a realidade da região.
Com o objetivo de inserir e adaptar tecnologias de acordo com a realidade de cada região do país, a Abinc criou um comitê exclusivo para discutir as vertentes do agronegócio, gargalos, legislações, padrões de interoperabilidade de dados e outros serviços que atendam às necessidades do Agro brasileiro. “A Internet das Coisas pode trazer eficiência e soluções baratas para os problemas do campo. Podemos ajudar a encontrar soluções simples que resolvem problemas de solo, clima, controle de pragas, pulverização, produtividade e outros”, disse Maeda.
Loyola abordou os desafios da AgGateway para promover a agricultura digital no mundo. A entidade americana reúne empresas fabricantes do segmento de máquinas e equipamentos agrícolas com o objetivo de padronizar as aplicações e as conexões entre maquinários de diferentes fabricantes.
“A AgGateway firmou parceria com 30 empresas fabricantes de maquinários e equipamentos agrícolas, que hoje são associadas ao projeto ADAPT, com o objetivo de validar tecnologias de padronização às aplicações e às conexões entre maquinários de diferentes fabricantes. Ficou acordado entre essas empresas um modelo de objeto comum que pudesse ajudar toda a indústria a inter-operar. O sistema ADAPT facilita mover os dados entre vários sistemas diferentes, dando liberdade de escolha entre fornecedores de software ou equipamentos. Sendo assim, o produtor vai poder se concentrar mais em alavancar os dados dos seus negócios”, apontou Loyola.
Programa AgriHub – É uma iniciativa da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT) e Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Tem o objetivo de ser a ponte que liga a tecnologia ao campo. Além disso, busca contribuir para aumentar a renda dos produtores rurais usando o mínimo de recursos e para o desenvolvimento sustentável da produção agrícola e pecuária por meio da inovação tecnológica.
Informações sobre o projeto e o evento, acesse: agrihub.org.br.
Ascom Famato